Feb 01, 2019

Brazilian Indigenous: Catastrophe in Brumadinho, MG, Threatens Survival of Local Indigenous Community


“It died at 9am in the morning of Saturday [26 January 2019]”, says one member of the indigenous community Nao Xohã in reference to the river Paraopeba. The community composed of 18 families lives in São Joaquim de Bicas, 22km away from Brumadinho, where a dam on a complex owned by the national mining company Vale SA collapsed last Friday, 25 January 2019. Relying on the river as their primary source of food, as well as for hygiene and entertainment, members of the community stated their feeling of despair and angriness over the destruction of their livelihoods and dreams. Deprived from their basic mean of subsistence, the indigenous community is currently receiving aid from Funai (National Indigenous Foundation) and from the MST (Landless Movement). However, with no water their ability to stay at the place is still uncertain. “We cannot die with the river. We will fight. That is what we will do”, says a member of the community.   

The article below was published by G1:

 

O rompimento da barragem em Brumadinho aconteceu no começo da tarde de sexta-feira (25). A lama de rejeitos seguiu descendo o Rio Paraopeba, e na manhã de sábado (26) chegou a aldeia indígena Nao Xohã, em São Joaquim de Bicas, a 22 km de Brumadinho.

- "Estamos sem saber o que fazer de agora em diante", disse o cacique Hayó, de 28 anos.

As 18 famílias que vivem na aldeia usam o rio para pesca, banho, e para lavar roupa. O índio Tahhaõa, de 55 anos, está desde sábado recolhendo peixes mortos e cheios de lama. "Este era nosso alimento", fala ao recolher mais peixes. Os animais estão sendo queimados para que os cachorros da aldeia não os comam, o que pode ser prejudicial.

"Nós estamos aqui para preservar a terra, a natureza, o rio. Aí vem alguns irresponsáveis e fazem isso, acabam com a nossa vida, com a nossa fonte de alimento, com o nosso lazer."

- É por isso que estamos revoltados mesmo. Nós queríamos que essas pessoas estivessem aqui para verem, mas eles não têm coragem de vir", disse Tahhaõa.

Os indígenas contam que a água do rio era clara e que era possível ver as pedras no fundo. "Ele morreu às 9 horas da manhã do sábado, quando esse regente veio de lá pra cá, levando embora nossos sonhos", disse Angohó, de 53 anos, esposa do cacique.

A aldeia não tem energia elétrica. A água usada era basicamente do rio. Com isso, estão recebendo apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai). A Prefeitura de Brumadinho foi à aldeia na segunda-feira (28) para ouvir as demandas dos indígenas. Nesta terça (29), integrantes do Ministério da Saúde foram ao local com médicos, enfermeiros e psicólogos para prestar atendimento.

Nao Xohã significa "espírito de guerreiro" em Patxohã, língua falada por alguns indígenas do local. A aldeia é do povo Pataxó. "Nossa aldeia mãe fica em Barra Velha (BA)", disse o cacique.

Os indígenas contaram que estavam tendo confrontos com o entorno da aldeia, na Bahia. Eles conheceram integrantes do Movimento Sem Terra (MST), que os convidaram para se estabelecer em São Joaquim de Bicas, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde há um acampamento do movimento, chamado Pátria Livre.

A aldeia pataxó está no local há um ano e seis meses. A única fonte de renda é o artesanato, que os índios levam para vender em feiras em Belo Horizonte.

Sem água, os indígenas ainda não sabem como irão viabilizar sua permanência no local. "Nós não podemos morrer junto com o rio. Nós vamos lutar. É isso que nós vamos fazer", disse Angohó.

 

Photo courtesy of Wikipedia Commons